20/07/2017 Derretimento na Antártica pode produzir outros icebergs gigantes

Derretimento na Antártica pode produzir outros icebergs gigantes

Imagem feita por avião mostra onde a plataforma de gelo Larsen C na Península Antártica encontra o mar aberto. Foto: Nasa.

Eric Rignot, da Nasa, diz que plataforma Larsen C da Península Antártica pode se desintegrar nas próximas décadas. Isso desestabilizaria geleiras de terra firme que elevariam o nível dos oceanos

 

O iceberg gigante que se desprendeu recentemente da Antártica não será o último. A safra de grandes icebergs faz parte da tendência de aquecimento geral da região. O aquecimento é mais acelerado na Península Antártica, trecho onde o continente se estica em direção à América do Sul. É na Península que ficam as plataformas de gelo mais abaladas pelo aquecimento. É o caso da imensa plataforma de gelo batizada em homenagem ao capitão norueguês Carl Anton Larsen. Ela cobre uma área de 78.000 quilômetros quadrados. A plataforma vem se desmilinguindo nos últimos anos. O bloco chamado Larsen A foi embora em 1995. Sete anos depois, Larsen B se desfez. Agora, o bloco que está se desmanchando lentamente é Larsen C. Trata-se de uma plataforma de gelo do tamanho do estado do Rio de Janeiro. No dia 13 de julho, pesquisadores identificaram que um iceberg de 5.000 quilômetros quadrados, batizado A68, se desprendeu.

 

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Agora, outras rachaduras evoluem em Larsen C, prometendo novas quebras da plataforma. Qual é o futuro dessa imensa massa de gelo? O que isso significa para a Antártica e o clima da Terra? O glaciologista americano Eric Rignot, da Nasa e da Universidade da Califórnia, é um dos especialistas no tema. Ele explica que a desintegração de Larsen C, prevista para as próximas décadas, não eleva diretamente o nível dos mares, porque a plataforma já está flutuando. Mas libera o fluxo mais acelerado de geleiras em terra firme. Essas sim podem elevar sozinhas o nível do mar em 1 centímetro no mundo todo.

 

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ÉPOCA – O que podemos esperar do futuro de Larsen C?
Eric Rignot – Podemos esperar mais rachaduras além do que seria normal começar a aparecer em Larsen C no futuro. Inevitavelmente, elas avançarão até um ponto em que a plataforma vai quebrar completamente. A plataforma ainda precisa recuar cerca de 30 a 40 quilômetros antes que isso aconteça.

 

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ÉPOCA – A plataforma Larsen C está mais fina do que antes?
Rignot – Sim. Ela está ficando mais fina por causa do aquecimento de cima, gerado pela temperatura do ar, e de baixo, provocado pela água do oceano.

 

ÉPOCA – É possível prever se a plataforma vai desaparecer em questão de meses, anos, décadas ou séculos?
Rignot – Ainda falta algo entre uma ou algumas décadas para isso acontecer.

 

ÉPOCA – A plataforma Larsen C já está flutuando. Por isso, sua fragmentação e seu derretimento não têm impacto direto no nível no mar. Quais seriam as consequências da fragmentação total dela?
Rignot – A plataforma de gelo funciona como retenção para o fluxo de várias geleiras em terra firme. Se Larsen C desaparece, essas geleiras passam a correr mais rápido para o mar. Elas começam a descarregar mais gelo no oceano e isso aumenta o nível do mar. Só as geleiras retidas por Larsen C têm potencial para elevar o nível do mar em 1 centímetro.

 

ÉPOCA – Há evidências suficientes para dizer que a Península Antártica está esquentando?
Rignot – Sim. Temos dados desde 1950 que mostram como a Península está passando por um aquecimento constante, exceto logo depois de eventos fortes de El Niño. A temperatura média do ar na região subiu 2,4 graus centígrados de 1950 a 2010. Já o aumento de temperatura da água do mar não foi tão bem quantificada na região.

 

ÉPOCA – Qual é a relação entre o que ocorre na Antártica com o resto do mundo?
Rignot – A Antártica está esquentando mais lentamente do que o resto do mundo. Isso tem a ver em parte com a reflexão de luz da cobertura de gelo e neve, que continuam com a mesma área. A Antártica também vem sendo resfriada pela redução na camada de ozônio da alta atmosfera. Sabemos que a Antártica Ocidental (onde fica a Península) está esquentando, principalmente a partir do oceano. E está perdendo massa de gelo rapidamente.

 

ÉPOCA – Devemos esperar mais icebergs na região próxima à Antártica? Isso tem consequências para a navegação?
Rignot – A diferença será maior quando a plataforma Larsen C desmoronar completamente. O grande iceberg provavelmente quebrará em pedaços menores. Eles flutuarão em torno dos mares do sul antes de derreter completamente. Há poucas rotas marítimas na região, por isso o impacto será pequeno.

Fonte: Alexandre Mansur - ÉPOCA | Blog do Planeta.




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